Entenda o que é COE – Certificado de operações estruturadas

Você já ouviu falar em COE? Esse é um produto de investimento relativamente recente, e que ainda é desconhecido por muitos investidores, sobretudo os iniciantes. Ele não é muito difundido e nem tão fácil de ser encontrado no mercado. Por ser uma espécie de híbrido entre renda fixa e renda variável, sofre com o estigma de ser de difícil compreensão.

Entretanto, o COE tem um grande potencial e vale a pena ser analisado, afinal, nos últimos dois anos várias corretoras e bancos intensificaram a venda de COEs. Por isso, neste post, vamos explicar o conceito do COE e falar sobre suas características, suas vantagens e desvantagens. Quem sabe ele não acaba se tornando uma opção para sua carteira de investimentos, não é mesmo? 

O conceito de COE

O COE é um Certificado de Operações Estruturadas. Para entender o conceito, é necessário saber que uma operação estruturada é aquela que contém outros ativos. O COE nada mais é do que uma espécie de envelope contendo outros ativos dentro dele. Ou seja: na prática, quando você compra o certificado, o capital aplicado vai para todos os ativos que o compõem. 

Cada COE pode ser dividido em vários ativos, já que é neles que o dinheiro será investido. Esses ativos podem ser de renda fixa ou de renda variável, e isso vai afetar a rentabilidade da aplicação. Daí a importância de o investidor entender sobre o funcionamento do mercado financeiro e de fazer cálculos para saber qual será a expectativa do retorno no vencimento da aplicação.  

As principais características dos COEs

Um dos diferenciais dos COEs é que eles só podem ser emitidos por bancos (e nem todos os oferecem) mas, uma vez emitidos, eles podem ser distribuídos pelas corretoras financeiras. No que se refere às garantias, trata-se de uma aplicação relativamente segura, pois, ao investir em um COE, a aplicação fica registrada no nome do investidor na B3 (antiga Cetip). Entretanto, o COE não é garantido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

O investimento mínimo é, em geral, a partir de R$1.500, mas isso pode variar de acordo com a instituição escolhida. Além do valor mínimo da aplicação, pode haver uma taxa de administração cobrada pelas instituições. Em alguns casos também existe a taxa de performance, um valor cobrado quando a rentabilidade ultrapassa determinado índice de referência. Entretanto, grande parte das corretoras não cobra essas taxas, o que agrega maior custo-benefício ao investimento. 

Agora, vamos falar de coisa boa: retorno financeiro! Pois bem, há COEs com juros semestrais, aqueles em que o investidor recebe os rendimentos a cada seis meses. Em outros, porém, o valor é pago integralmente no vencimento do certificado. Cabe ao investidor escolher a opção que melhor se encaixa em suas expectativas. 

Vale lembrar, entretanto, que não é uma aplicação isenta de impostos. Independentemente do tipo de ativo que está dentro do envelope do COE, o  Imposto de Renda é único e segue a tabela regressiva para a renda fixa. A vantagem é que o investidor pode ter seu capital aplicado em vários tipos de ativos ao mesmo tempo, mas pagar apenas uma tributação de Imposto de Renda.

Os diferentes tipos de COE

Existem dois tipos distintos de COE. O COE de capital garantido é aquele em que o capital inicial nunca é perdido, mesmo que não haja rentabilidade alguma durante o período do investimento. Essa é a opção mais indicada para investidores de perfil mais conservador.

Já o COE de capital de risco é mais ousado, porque é possível, sim, dar azar e perder todo o valor investido (mas nunca mais do que isso, pois não há como ficar no negativo nesse tipo de operação). Essa é uma opção mais viável para investidores de perfil agressivo. 

Como o COE funciona?

Conforme já explicamos, o COE é emitido por alguns bancos, e é possível investir por esse mesmo banco ou por meio de corretoras. O COE é estruturado com base em vários fatores do mercado e é “montado” para um perfil de investidor.

Para facilitar a escolha, todo COE disponível no mercado conta com um Documento de Informações Essenciais (DIE), onde constam todas as características que o investidor precisa saber. Nesse documento, está especificado para qual perfil de risco o COE é dirigido, o que ajuda a orientar o investidor a escolher o certificado certo para ele. É fundamental ler o DIE antes de aplicar o dinheiro, pois é necessário saber de antemão em quais ativos o capital será investido e se a aplicação está alinhada com seus objetivos e sua realidade financeira atual. 

Vantagens do COE

Investir em COE traz alguns benefícios. Um deles é a segurança, já que é possível investir com a garantia de que o capital inicial ficará intocável e que não é possível ficar negativado. Outra vantagem é específica para investidores moderados, que ainda não perderam o medo de investir na Bolsa, pois com o COE dá para aplicar em renda variável com menos riscos

Para quem pretende investir em ativos internacionais sem precisar abrir uma conta no exterior, e com a facilidade de fazer as transações em reais, o COE também é uma ótima ideia, já que permite o investimento em ativos internacionais e moedas estrangeiras de um maneira simplificada. 

E, é claro, não podemos deixar de citar a tributação. Com o COE, não é preciso pagar a tributação de cada ativo dentro do “envelope”, já que é feito o pagamento de uma taxa única de Imposto de Renda. Prático e econômico!  

Desvantagens do COE

Nem tudo, porém, são boas notícias. Dentre as principais desvantagens do COE está o fato de que ele não é garantido pelo FGC. Assim, mesmo que o emissor garanta que o investimento inicial está salvaguardado, não há nenhuma garantia de que você terá seu dinheiro de volta se houver algum imprevisto. 

Outro problema a ser enfrentado para quem investe em COE é a baixa liquidez. Em grande parte das situações, só é possível sacar o dinheiro no vencimento, o que faz dele uma opção ruim para o curto prazo ou para quem precisa sacar o dinheiro a qualquer momento.

Além disso, existe um “teto” de rendimento máximo no COE, o que significa que, mesmo se o ativo render mais, há um limite para o valor que o investidor consegue sacar. Essa barreira na rentabilidade pode acabar afastando muitos investidores. 

No fim das contas, o COE pode ser uma boa alternativa para diversificar seus investimentos, dependendo do seu perfil de investidor e de seus objetivos financeiros, afinal, as vantagens acabam superando os riscos. Vale a pena pesquisar um pouco mais e, quem sabe, dar uma chance para ele no próximo ano!